Moçambique é um país jovem e com potencial crescimento macroeconómico e social. O país registou uma diminuição da percentagem de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza de 69 % em 1997 para 54 % em 2003. O Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) de 2003 indicou também um progresso significativo entre 1997 e 2003 em vários indicadores de bem-estar da criança. A taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos diminuiu de 219 para 178 por 1.000 nados-vivos, e a taxa de mortalidade infantil de 147 para 124 por 1.000 nados-vivos. A taxa de mortalidade materna baixou para 408 por 100.000 nados-vivos, de uma estimativa de 1.000 por 100.000 nados-vivos no início da década de 90. Estes aumentos representam notáveis progressos para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio 4 e 5.
Apesar dos progressos alcançados, a morbidade e mortalidade devidas às diarreias, com destaque para cólera são ainda comuns no país. As doenças diarreicas são principais causas de morte de crianças, com uma prevalência de 14 % em crianças com menos de cinco anos (LDS, 2003). Entre 2002 e 2004 houve mais de 520.000 casos de diarreia por ano. Nos últimos quatro anos (2007-2011), foram registados mais de 70.000 casos de cólera, contribuindo de forma considerável para taxa de mortalidade no país.
O deficiente ambiente escolar (falta de água, infraestruturas, sanitários separados para raparigas e rapazes e deficiente higiene) é outro fator que prejudica o desenvolvimento a médio e longo prazos. Estudos recentemente realizados pelo MISAU indicam que mais de 60 % das crianças no país apresentam parasitoses intestinais e mais de 40 % das crianças apresentam schistosomiase vesical. Além disso, o país enfrenta cheias, secas e ciclones cíclicos, que perigam o modo de vida das populações mais vulneráveis (a pobreza afeta 54 % da população) o que implica na maior parte dos casos, em movimentação da população para as áreas de acomodação com limitadas condições de água e saneamento.
O deficiente saneamento do meio, as condições precárias de higiene e o acesso limitado à água em quantidade e qualidade são os principais determinantes para o aparecimento das doenças acima referidas. Todavia, estas doenças podem ser evitadas se houver uma mudança de comportamento de todos, com relação ao saneamento e higiene, e vontade política para a alocação de recursos necessários fazendo, assim, do saneamento e higiene uma prioridade na agenda nacional.
A reversão da situação atual do saneamento do meio constitui um grande desafio na área para o país e, passa pela adoção de abordagens que promovam a mudança de comportamentos e que tomem em consideração os aspectos socioculturais e económicos das populações. Para o efeito, todos os intervenientes deste processo (sector privado, ONGs, associações baseadas na comunidade, políticos, religiosos, estudantes e toda sociedade no geral) são chamados a colaborarem ativamente na implementação de ações concretas de higiene e saneamento de modo a reduzir a morbidade e mortalidade relacionadas com as precárias condições de saneamento básico contribuindo desta forma para o combate a pobreza absoluta, bem como para o cumprimento das Metas do Desenvolvimento do Milénio (MDG).
Os temas como “Melhoramento de acesso à água em quantidade e qualidade, das condições de higiene geral da população e saneamento do meio’’ revestem-se de maior relevância, nas vertentes ambiental, social e económica, pois, podem oferecer subsídios que permitam despertar a população em geral e às entidades competentes sobre os problemas resultantes de deficiente saneamento do meio.
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