Avançar para o conteúdo principal

Aproveitamento de Dejectos de animais para a produção de biogás com ênfase na sustentabilidade rural

Em Moçambique, apesar da dependência externa de Petróleo, os altos índices da pobreza rural relacionado ao menor poder de compra e as premissas actuais que incentivam o uso de energias cada vez mais limpas para reduzir o efeito estufa, ainda se verifica pouca prática do uso das energias alternativas para melhorar a vida da população rural, principalmente no meio rural.
Vários aspectos favorecem a tecnologia da biodigestão anaeróbica, para a produção de biogás e biofertilizante, que poderá oferecer à comunidade rural energia adequada e biofertilizante, face à grande quantidade de matéria orgânica disponível para sua produção.
A tecnologia de biogás, por um lado, é fundamental para fornecimento de energia e biofertilizante para os agricultores, por outro, é destino sustentável ao ambiente dos dejectos de animais e resíduos vegetais que têm sido problema para as comunidades rurais, pois com este aproveitamento servem de matéria-prima para a produção de biogás.
Diversas pesquisas sobre o assunto, embora em número não satisfatório têm sido desenvolvidas, bem como a informação difundida através da imprensa, porém não se mostram suficientes, talvez devido ao fraco dinamismo por parte dos técnicos das áreas intervenientes e, por outro lado, o pouco conhecimento da população sobre o assunto, uma vez que a maioria da população moçambicana é agrícola e vive na zona rural e também maioritariamente analfabeta.
Geralmente, os agricultores contribuem para o desflorestamento, para condições de higiene indesejáveis dos animais devido ao abate das árvores para o uso como combustível lenhoso, a falta de maneio adequado dos dejectos. Esta realidade pode concorrer para eclosão de conflito  entre os proprietários e as entidades governamentais reguladoras, conforme preconizado na legislação ambiental em vigor.
O metano é 23 vezes mais potente para o aquecimento global do que o gás carbónico. A queima do metano reduz os danos, gerando crédito de carbono. Contudo, numa visão mais ampla, devem ser considerados, por exemplo, os benefícios na redução de uso de lenha, queima de querosene, ou na produção e transporte do GLP (Quadros, 2007).

Assim, a construção de biodigestores para além de produzir biogás como fonte de energia, pode gerar activos fertilizantes para agricultura, diminuir a contaminação do solo e das águas pelos dejectos, reduzir a proliferação de vectores e minimizar o efeito estufa pela queima metano. 



QUADROS, D. G; VALLADARES, R. & REGIS, Ueliton. 2007. Aproveitamento dos dejetos de caprinos e ovinos na geração de energia renovável e preservação do meio ambiente. Universidade do Estado da Bahia– campus IX. Brasil

Comentários

  1. Que bom! Assim as pessoas ficam informadas e podem comecar a pensar nas atitudes que prejudicam o meio ambiente. Bom trabalho eng. parabens.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MOÇAMBIQUE, COM ÊNFASE AO MUNICÍPIO DE MAPUTO

Uma das atividades do saneamento ambiental municipal é aquela que contempla a gestão de resíduos sólidos urbanos, tendo por objetivo fulcral melhorar ou a manter a saúde, isto é, o bem estar social, físico e mental da comunidade. A gestão de resíduos sólidos urbanos deve ser integrada, ou seja, deve englobar etapas articuladas entre si, desde a não geração até a disposição final, com as atividades compatíveis com as dos demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a participação ativa e cooperativa dos sectores público, privado e população em geral. Ademais, a gestão deve conferir uma sustentabilidade ao sistema, isto é, ser apropriada às condições locais, viável numa perspectiva técnica, ambiental, social, económica, financeira, institucional, política e podendo-se manter no tempo sem esgotar os recursos dos quais o sistema depende. Para responder o anseio da gestão de resíduos é importante a elaboração de Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRS

COMO MELHORAR AS CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO E REDUZIR AS DOENÇAS DIARREICAS EM MOÇAMBIQUE?

Moçambique é um país jovem e com potencial crescimento macroeconómico e social. O país registou uma diminuição da percentagem de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza de 69 % em 1997 para 54 % em 2003. O Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) de 2003 indicou também um progresso significativo entre 1997 e 2003 em vários indicadores de bem-estar da criança. A taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos diminuiu de 219 para 178 por 1.000 nados-vivos, e a taxa de mortalidade infantil de 147 para 124 por 1.000 nados-vivos. A taxa de mortalidade materna baixou para 408 por 100.000 nados-vivos, de uma estimativa de 1.000 por 100.000 nados-vivos no início da década de 90. Estes aumentos representam notáveis progressos para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio 4 e 5. Apesar dos progressos alcançados, a morbidade e mortalidade devidas às diarreias, com destaque para cólera são ainda comuns no país. As doenças  diarreicas  são principais causas de morte de cr

Uso de sementes de moringa nos processos de coagulação/floculação no tratamento de água nos países em desenvolvimento

Um dos grandes problemas relacionados à água nos países em desenvolvimento como Moçambique é a falta de sistemas de tratamento de água nas regiões rurais, obrigando a população a consumir água abaixo dos padrões de qualidade em vigor. Cientes dos problemas que advém do consumo de água não tratada, as populações têm procurado fontes de água alternativas que na sua maioria a qualidade está aquém do recomendado para o consumo humano. Esta realidade transformou-se num desafio para as populações que residem nessas regiões, por isso, buscam soluções para responder as necessidades de tratamento da água que sejam localmente viáveis. Partindo desse pressuposto as populações buscam formas alternativas de  tratamento da água, usando para tal várias plantas disponíveis na natureza, como é o caso da moringa que é utilizada  como coagulante, em uma das fases “tradicionais” de tratamento de água. Assim, o Uso  de sementes de moringa nos processos de coagulação/floculação no tratamento de água